O
BALUARTE DO LIVRAMENTO
Após
a Restauração da Independência, em 1640, D. João IV mandou
construir uma linha de defesa
que tinha origem na foz da ribeira de Alcântara e terminava na Cruz de
Pedra. Na zona de
Alcântara chegaram a ser construídos dois baluartes – o do Sacramento
junto ao rio, e o do Livramento mais a norte. Na zona
da Cruz de Pedra, foram
construídos outros dois; um dos quais o Baluarte de Santa Apolónia. Trata-se de
uma estrutura defensiva do séc. XVII, representativa da arquitetura militar
portuguesa, de forma pentagonal, da qual apenas subsistem a muralha da face
direita e as bases de duas guaritas. É Património Nacional, classificado como
Imóvel de Interesse Público ao abrigo do Decreto-Lei n.º 2 de 96 do Diário da
República 56, de 6 de Março.
Sobre
o Baluarte do Livramento, constante
do Inventário Municipal de Património, transcrevemos parte
de um artigo de Augusto Vieira da Silva publicado em DISPERSOS Volume III
(1960) - Biblioteca de Estudos Olisiponenses:
“
O baluarte, com dois andares ou terraplenos, assenta sobre um banco
calcário que forma um alto despenhadeiro
em parte da frente ocidental; as suas muralhas de cantaria e com grande altura,
ainda estão visíveis e relativamente bem conservadas. No ângulo saliente das muralhas
da frente pode ainda hoje observar-se uma guarita de
cunhal.
A
serventia para os dois terraplenos do baluarte
era pela Calçada do Livramento (porta n.º 17), rua em curva, que
provavelmente
foi construída
para este fim especial,
no seguimento da que vinha da ponte de Alcântara, e que
terminava, como hoje, no extremo ocidental do Largo das Necessidades.
Posteriormente
a 1834 todo este terreno foi alienado, e
o terrapleno inferior acha-se coberto de construções abarracadas e pátios; no
andar superior do baluarte, que bem se distingue ainda, vê-se um prédio com três pavimentos, revestido de azulejos,
e o respetivo jardim .”
Vemos,
assim, que o interior do baluarte está ocupado por edificações que entretanto
foram sendo construídas, como é o caso do Pátio dos Quintalinhos e da Casa de
Goa.
Quanto
ao prédio revestido de azulejos de rara beleza foi demolido para dar
lugar à construção de um edifício moderno
que esperemos
venha a respeitar as muralhas do
baluarte ainda existentes e o jardim que pertencia ao prédio agora demolido.
Muralha do Baluarte com guarita de cunhal |
Porta n.º 17 da Calçada do Livramento |
Imagem da Muralha do Baluarte do Livramento |
Pátio dos Quintalinhos, construções dentro das Muralhas |
Prédio revestido de azulejos, recentemente demolido |