sábado, 29 de dezembro de 2018

LISBOA ANTIGA ESTÁ A DESAPARECER

LISBOA ANTIGA ESTÁ A DESAPARECER




MARCOS DE CORREIO NO CRUZAMENTO DA RUA DA LAPA COM A RUA DO MEIO À LAPA

Os tradicionais marcos de correio estão a desaparecer na cidade de Lisboa, retirados pelos CTT,  que justificam tal acção pela diminuição do volume de cartas e postais.
Além da sua utilidade pública, o marco de correio constitui uma bela peça do mobiliário urbano português, fazendo parte da entidade cultural do País. 
O marco de correio não é apenas um repositório de cartas e postais, é também um valor patrimonial da nossa cidade e um postal turístico que deve ser mantido a todo o custo, mesmo que já não desempenhe as funções para que foi criado.

João Pinto Soares

domingo, 9 de dezembro de 2018

POSSÍVEL AMPLIAÇÃO DO JARDIM BOTÂNICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

POSSÍVEL AMPLIAÇÃO DO JARDIM BOTÂNICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA PARA O PARQUE MAYER



Parque Mayer em meados dos anos 40 do século passado, vendo-se ao fundo o Jardim Botânico


O PARQUE MAYER

O Parque Mayer, junto à Avenida da Liberdade, ocupa o espaço que fora o dos jardins do Palácio  Mayer (que recebeu o Prémio Valmor de 1902). Este espaço, que inicialmente   pertenceu a Adolfo de Lima Mayer, foi vendido em 1921 a Luís Galhardo, personalidade ligada ao meio teatral, que aí criou um local de diversão, espectáculo e representação que veio a tornar-se muito popular e designado por Parque Mayer, inaugurado em de 15 de Junho de 1922 com a criação do Teatro Maria Vitória, ainda hoje em actividade.

O Parque Mayer, recinto dos teatros de revista, com quatro teatros a actuar ininterruptamente, e dotado de restaurantes, carrosséis, esplanadas, pavilhões, casas de fado, barracas de tiro e outras, e onde também se exibiu cinema, luta livre e boxe, era um local de boémia por excelência, onde tanto ocorria o povo folião, como a elite politica ou os intelectuais de Lisboa.

Sofrendo um processo de degradação durante décadas, actualmente prepara-se para uma nova reabilitação.  





O JARDIM  BOTÂNICO  DA ESCOLA POLITÉCNICA


O Jardim Botânico da Escola Politécnica, com uma área de cerca de 4 hectares, foi criado para o ensino e investigação da botânica na Escola Politécnica. Pertence Ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência e tem a sua entrada principal pela Rua da Escola Politécnica.

O local escolhido pelo Conselho da Escola Politécnica, para a instalação do Jardim Botânico, foi o Monte Olivete, com mais de dois séculos de tradição no estudo da Botânica, iniciado com o colégio jesuíta da Cotovia, aqui sediado entre 1609 e 1759. Contudo, o primeiro jardim utilizado pelos alunos da Politécnica para o estudo da botânica foi o Jardim Botânico da Ajuda, cuja tutela passou para a Escola Politécnica em 1839.

Para a  instalação do Jardim Botânico,  foi elaborado um projecto de regulamento em 1843. No entanto, é só a partir de 1873 que se iniciaram as plantações, por iniciativa do Conde de Ficalho e de Andrade Corvo. Os diferentes microclimas existentes neste jardim devidos à sua  localização topográfica, permitiu o desenvolvimento de plantas vindas de todos os continentes.

A 4 de Novembro de 2010 o Jardim Botânico foi classificado como Monumento Nacional, integrando todo o património artístico  e edificado que nele se encontra.

O QUE SE PRETENDE


Os terrenos do Parque Mayer são desde Janeiro de 2014 pertença da Câmara Municipal de Lisboa, após a polémica que começou em 1999 quando a Bragaparques comprou à Câmara Municipal de Lisboa os terrenos do Parque Mayer por 13 milhões de Euros. Após várias vicissitudes, a Câmara Municipal de Lisboa . Em Janeiro de 2014 a Câmara Municipal de Lisboa comprou à Bragaparques os terrenos da antiga Feira Popular e do Parque Mayer por mais de 100 milhões de euros.

Pretende-se agora que para usufruto dos lisboetas e melhoria da qualidade do ar da cidade de Lisboa, se proceda à expansão do Jardim Botânico para as traseiras do Parque Mayer, criando aí um jardim dedicado à flora autóctone de Portugal, com base na legislação vigente, por se encontrar aquele espaço abrangido pela Zona Especial de Protecção do Jardim Botânico, Classificado Monumento Nacional. 

João Pinto Soares





O Jardim Botânico da Escola Politécnica, nas traseiras do Parque Mayer

João Pinto Soares

MUSEU DA SAÚDE MILITAR



O SÍTIO DA ESTRELA

A importância dos conventos e das cercas conventuais  para a cidade de Lisboa e a possível instalação do Museu da Saúde Militar no Convento do Sagrado Coração de Jesus da Estrela 



É uma realidade em Lisboa a existência de um grande número de conventos que, com a sua igreja e "Cerca" adjacentes constituem verdadeiros núcleos históricos que devem ser preservados para a posteridade. As "Cercas" eram espaços murados, que proviam o sustento e o recreio dos religiosos e religiosas  que viviam nos conventos, ao mesmo tempo que permitiam um certo recolhimento e afastamento do bulício da vida exterior. Hoje, as "Cercas" representam verdadeiros núcleos verdes, espaços que contribuem para uma boa qualidade de vida na cidade. Está neste caso, o convento do Sagrado  Coração de Jesus da Estrela, adjacente  à Basílica, que era um convento feminino e pertencia à Ordem dos Carmelitas Descalços.

A Basílica da Estrela, em Lisboa, obra a cargo do arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos, nasceu da devoção de D. Maria I ao culto do Sagrado Coração de Jesus, ao qual fez um voto  de lhe erguer uma igreja e convento para as religiosas da Regra de Santa Teresa, pedindo o nascimento de um filho varão, o que aconteceu em 1761. Em 15 de Novembro de 1789, realizou-se a sagração da Basílica com o título de Sagrado Coração de Jesus.

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo.O convento foi extinto em 29 de Abril de 1885, por morte da última religiosa.

O  Hospital Militar Principal, sediado desde 1837 no antigo convento da Estrelinha, frente à Basílica da Estrela,  expandiu as suas instalações ocupando parte da "Cerca" do Convento do Santíssimo Coração de Jesus, com construções  de ambos os lados da Avenida Infante Santo, artéria que respondendo à necessidade de expansão da cidade de Lisboa, começou a ser construída em 1949 e atravessou a "Cerca" do convento,  dividindo-a ao meio. 


          Construção da Avenida Infante Santo, atravessando a “Cerca” (década de 1950)


O Futuro:

Com o fim da actividade do Hospital Militar Principal na Estrela, os edifícios e anexos situados do lado Nascente e Poente da "Cerca" do Convento do Sagrado Coração de Jesus, ficaram desocupados.

Mantendo as tradições  e o espírito que transformou a "Cerca" do Convento  em instalações hospitalares, e aproveitando as construções existentes na ala Poente da "Cerca", a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa comprou ao Ministério da Defesa o espaço ocupado pelo Hospital Militar Principal para aí instalar uma Unidade de Saúde de Cuidados Continuados  Integrados, cujas obras estão neste momento em execução.

Do lado Nascente, junto à Basílica da Estrela  encontra-se o Edifício do Convento, onde, perpetuando a memória da presença da Saúde Militar na Praça da Estrela, seria importante e adequado instalar o Museu da Saúde Militar, envolvido por uma vasta área verde.

Considerando que o Convento do Sagrado Coração de Jesus pertence ao Estado Português sob a administração  da Direcção-Geral do Tesouro e  Finanças e que ao Estado compete a valorização do património a seu cargo e que é de todos nós, e sabendo a grande pressão imobiliária sobre aquele espaço, consideramos, contudo que o solo da cidade de Lisboa não deve ser um banco de terrenos aberto à especulação imobiliária, mas  antes que o interesse colectivo se possa sobrepor ao dos interesses particulares. Assim, preconizamos a instalação do Museu da Saúde Militar no Convento do Sagrado Coração de Jesus da Estrela presentemente devoluto, com aproveitamento ou demolição dos edifícios e anexos entretanto construídos pelo Hospital Militar Principal e actualmente desocupados




Edifício do antigo Convento do Sagrado Coração de Jesus, na Parte Nascente da Avenida Infante Santo, junto à Basílica da Estrela, onde se propõe a a instalação do "Museu de Saúde  Militar, enquadrado num vasto espaço verde.










Anexos do Hospital Militar Principal Junto à Basílica da Estrela, hoje abandonados.



Instalações hospitalares da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no lado Poente da "Cerca" do convento do Sagrado Coração de Jesus,aproveitando o edifício da antiga Casa de Saúde da Família Militar, edifício com doze pisos.


João Pinto Soares