terça-feira, 26 de julho de 2016

A OBRA DAS NECESSIDADES

A OBRA DAS NECESSIDADES




A história da Obra das Necessidades prende-se com a existência desde 1604 de uma pequena Ermida de Nossa Senhora das Necessidades, cuja imagem fora trazida da Ericeira, e que, pelas curas e graças concedidas, rapidamente granjeou grande número de devotos.

D. Pedro II e D. João V foram também devotos de N. Senhora das Necessidades e, D. João V que atribuiu a cura de uma doença (1742) à intercessão da Virgem, pensou não só converter a pequena ermida em magnífica igreja para albergar a imagem de Nossa Senhora das Necessidades, como construir um palácio para sua habitação, e um hospício para os padres da Congregação do Oratório de S. Filipe de Neri, por aquisição de terras agrícolas circundantes. Nasceu, assim, a Obra das Necessidades como uma prova de Fé religiosa e vontade do Rei D. João V (1689-1750) e constitui um conjunto que, como tal, não pode ser analisado por partes. A Igreja, o Convento, a Tapada, o Palácio e a Praça do Obelisco constituem um todo, uma obra que foi pensada e projectada como uma unidade, constituindo hoje um valor único no Mundo, cabendo à cidade de Lisboa o privilégio e a responsabilidade da sua guarda.

No entanto, apesar de todo o empenho posto por D. João V na conclusão desta obra, a sua morte, em 31 de Julho de 1750, impediu-o de assistir à sua conclusão.

DEPOIS DE D. JOÃO V

O primeiro monarca a estabelecer-se definitivamente no Palácio das Necessidades foi a Rainha D. Maria II, em 1833.

Em 1836, D. Maria II, casou, em segundas núpcias com D. Fernando de Saxe Coburgo Gotha, mais tarde II de Portugal.

Em 1843, D. Fernando II mandou redesenhar o jardim da Tapada transformando a zona de hortas em jardim inglês, tarefa executada por Bonard, em 1855-1861. Também a ele se deve a construção do Jardim zoológico, para o ensino das Ciências Naturais aos seus filhos.

D. Pedro V, filho de D. Maria II e de D. Fernando II (séc. XIX), manda construir a Estufa Circular e a Casa do Fresco e o Rei D. Carlos (finais do séc. XIX), manda construir um campo de ténis e o pavilhão, conhecido por casa do regalo, no local onde outrora funcionou o observatório astronómico dos padres Oratorianos, que serviu de atelier de pintura da Rainha D. Amélia e é hoje (2016) o gabinete do antigo Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio.

D. Carlos é assassinado em 1908, quando regressava às Necessidades, vindo de Vila Viçosa e D. Manuel II, último rei  de Portugal, é obrigado a deixar o Palácio das Necessidades para, com a família real, embarcar na Ericeira, curiosamente o mesmo local onde começa a história do Conjunto das Necessidades, para o exílio na Inglaterra.

DURANTE A REPÚBLICA

Com a República, o Palácio das Necessidades é integrado no património nacional do Ministério das Finanças. Em 1911 instalam-se na parte do convento diversos serviços militares e depois o Governo Militar de Lisboa, e na parte do palácio, a partir de 1916, serviços do futuro Ministério dos Negócios Estrangeiros, cuja sede seria aí definitivamente instalada em 1950.

Também a Tapada passou a ser encarada numa vertente mais florestal. Em 1939 foi afecta à Direcção Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas que nela efectuou trabalhos de recuperação e a criação de novos elementos como o Jardim dos Cactos, que se ficou a dever à intervenção do Eng.º Mendia quando era responsável dos Serviços Florestais pela gestão da Tapada.

Em 1954, a Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, instalou na Tapada um Centro de Estudos de Mesologia e Desenvolvimento Florestal, por sua vez integrado em 1977 na Estação Florestal Nacional.

Mais modernamente, a Tapada iria ser, por Despacho Ministerial de 31 de Outubro de 1979, afecta à Estação Florestal Nacional que permaneceu nas Necessidades até transitar para Oeiras em 1998.

Em 1983, o Conjunto das Necessidades foi classificado Imóvel de Interesse Público (IIP) pelo Decreto n.º 8/83, DR, I série, n.º 19 de 24-01-1983.

Também, todo o arvoredo existente na Tapada das Necessidades encontra-se classificado de Interesse Público, pelo Aviso n.º 13, de 22 de Agosto de 2011, publicado na página da Internet da Autoridade Florestal Nacional.


NOS TEMPOS DE HOJE

Entretanto, pelo protocolo assinado em 23 de Outubro de 2008, o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas cede, por um período de 30 anos, ao Município de Lisboa, a utilização do conjunto de edifícios e estrutura verde que integram a "Tapada das Necessidades" (com excepção da Escola Básica, respectivo Jardim de Infância e "Casa do Regalo").

João Pinto Soares