domingo, 1 de outubro de 2023

hospitais militares

                                                            HOSPITAIS MILITARES



HOSPITAL MILITAR PRINCIPAL

O edifício do actual Hospital Militar Principal tem na sua origem um convento beneditino fundado em 1572, dedicado a Nossa Sra. da Estrela. Em 24 de Dezembro de 1573 celebrava-se a 1ª missa na igreja. Com a fundação do Convento de S. Bento da Saúde, em 1615, muito próximo do de Nª Sra. da Estrela, este último passou a funcionar como colégio e casa de estudo para o noviciado. Grandemente afectado pelo Terramoto de 1755, e rapidamente recuperado, viu a sua vocação inicial modificada, a partir de 1797. Passando para as mãos do Estado, acolheu um hospital militar para utilização das tropas auxiliares britânicas e nunca mais deixou de funcionar como hospital, até que em 1926 recebeu a designação de Hospital Militar Principal, que conserva ainda hoje. A igreja, há muito desafecta ao culto, conheceu obras, em 1946, recuperando-se muito do seu património disperso. O convento/hospital traduz uma arquitectura religiosa e civil hospitalar barroca e rococó. De planta rectangular composta por 4 alas, organizadas em torno de 2 pátios internos, desenvolve-se em 3 pisos separados por frisos de cantaria. A fachada principal evidencia 3 corpos, dos quais se destaca o central, correspondente à igreja, de planta longitudinal composta pela justaposição de 3 entidades espaciais: vestíbulo, nave e capela-mor. Este corpo central, antecedido por escadaria, surge seccionado por pilastras de cantaria rematadas por pináculos. O piso térreo é rasgado por portal axial, inscrito num arco em asa de cesto, encimado por janelão iluminante, ladeado por 2 nichos com as imagens de S. Bento e S. Bernardo. Os panos laterais são animados pela abertura de um vão por piso. O conjunto é rematado por um pano de muro rectangular vazado por óculo ao centro, sobrepujado por frontão triangular com pedra de armas no tímpano. No interior destacam-se a escadaria que distribui os espaços, os revestimentos azulejares, o retábulo em talha dourada e os túmulos da capela-mor. Igreja e o antigo Convento estão classificados como Monumento de Interesse Público.





HOSPITAL DA MARINHA

O Hospital Real da Marinha,  criado por Alvará de 27 de Setembro de 1797, foi construído de raiz  para o efeito no local do antigo Colégio de S. Francisco Xavier, no campo de Santa Clara, em Lisboa. Foi projectado pelo arquitecto Francisco Xavier Fabri e  inaugurado a 1 de Novembro de 1806, mantendo-se em actividade até 2012, altura em que foi anexado ao   Hospital das Forças Armadas, que havia sido criado em 2009. As Câmaras Hiperbáricas continuaram a funcionar até 2015 ano em que foram encerradas e transferidas para o Hospital das Forças Armadas. 

É com consternação que vemos  um edifício histórico com mais de duzentos anos ao serviço da Saúde Militar ser extinto  por um mero Decreto- Lei ( Artº 7 do Decreto-Lei 187/2012), encerrando definitivamente em Dezembro de 2013, sem que o Estado português  tenha encontrado uma utilização condigna que poderia passar por um Museu da Saúde Militar, optando pela sua venda a um investidor francês por 17,9 milhões de euros, decisão que a todos devia envergonhar.

Em Abril de 2016, o edifício do antigo Hospital da Marinha,  foi vendido a um investidor francês por 17,9 milhões de euros. O edifício tem uma área aproximada de 15.000 metros quadrados distribuídos por sete pisos. Ocupa uma área de terreno com cerca de 4.533 m2

           CONVENTO-HOSPITAL DE SÃO JOÃO DE DEUS -                                      CENTRO CLÍNICO DA GNR



Este histórico hospital, situado na Pampulha - Rua das Janelas Verdes, teve as suas origens num convento Carmelita. Em 3 de Março de 1581, foi deliberado pelo Capítulo Geral da Ordem que os Carmelitas Descalços se estabelecessem em Portugal. foi a ideia desta fundação muito bem acolida por Santa Teresa de Ávila e recebeu a licença do arcebispo deLisboa. D. Jorge de Almeida, e da Câmara em 14 de Outubro do mesmo ano.

S. João de Deus, o patrono dos hospitais, doentes e enfermeiros em todo o mundo e santo da Igreja desde 1690 é - nem todos o sabem - um santo português, pois nasceu em 1495 em Montemor-o-Novo, no Alentejo (com o nome de João Cidade), tendo morrido em 1550, em Granada, Espanha. Depois de uma conversão tardia, que foi antecedida por uma vida de pastor, soldado e livreiro, fundou em 1540 um Hospital em Granada que é um dos primeiros hospitais modernos, por estar mais avançado que os hospitais medievais. Fundou também a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, que em Portugal (onde chegou em 1606. com a vinda de irmãos para Montemor-o-Novo) teve a seu cargo uma rede de hospitais militares que mostrou a sua utilidade nas Guerras da Restauração, cuja sede era precisamente o Convento de S. João de Deus em Lisboa. O edifício do mosteiro foi doado por D. António Mascarenhas, deão da capela real, em 1629, no período filipino, à Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. No século XIX, após a extinção das ordens religiosas, o hospital de S. João de Deus passou a ser hospital da Guarda Real da Polícia de Lisboa, tendo passado para a GNR, fundada em 1911, em 1920. O edifício serviu várias funções na GNR (era chamado Quartel das Janelas Verdes) até ser aí inaugurado em 1966 o Centro Clínico da GNR.


João Pinto Soares

quarta-feira, 17 de maio de 2023

SALVAGUARDA DO CHAFARIZ DA COVA DA MOURA NA AVENIDA INFANTE SANTO

SALVAGUARDA DO CHAFARIZ DA COVA DA MOURA NA AVENIDA INFANTE SANTO


O Chafariz da Cova da Moura, adossado ao Aqueduto  das Águas Livres, que   o   alimentava, encontra-se situado       no   afloramento calcário   com    sílex (Cenomaniano, com cerca de 97 milhões de anos) aceite como Geomonumento  pela Câmara Municipal de Lisboa, em  protocolo  estabelecido    com  o Museu Nacional de História    Natural, em 22    de Junho    de   1998, como ocorrência geológica   a preservar. Este   afloramento é delimitado pela Calçada das Necessidades e Av. Infante Santo.

O Chafariz da Cova da Moura, mandado fazer    por    aviso de 9 de Fevereiro de 1786, recebia água do Aqueduto Geral  e  encontra-se   localizado num    terreno   camarário    de   cerca de 1.134 m2, que confina com a Av. Infante   Santo, frente   ao   n.º 54, e    pertence à Freguesia da Estrela. Abastecia   o quartel    da Cova da  Moura existente na antiga Rua da Torre da Pólvora, tendo   ambos (quartel e rua) sido demolidos  em 1939   para dar lugar  à abertura da Av. Infante Santo.

A Freguesia da Estrela   é     atravessada     pelo     Ramal   das Necessidades     do    Aqueduto   das     Águas    Livres, classificado Monumento    Nacional  desde 1910  ( DG 136 de 23-06-1910 ), que segue ainda hoje enterrado até à Calçada das Necessidades  onde sai para o exterior . Continuava  pela atual Avenida Infante Santo em arcada que foi demolida em Setembro de 1949 para   a   construção daquela via, e segue   pela Travessa do Chafariz  das Terras ( a Rua tem este nome num dos lados do aqueduto  e   do  Pau de Bandeira no outro)  até   à   Rua   de   S. Caetano. A   partir   daí    enterra-se novamente até às Janelas  Verdes. O troço   da    Avenida    Infante Santo/ Rua do Pau de Bandeira, encontra-se   protegido   desde 1998, pela Port. 512/98, DR 183, de 10-08-1998, abrangido    pela ZEP do Aqueduto.

Embora      classificado   Monumento   Nacional, por     fazer   parte integrante do Aqueduto das águas Livres, o Chafariz   da   Cova da Moura encontra-se há muito abandonado e entregue  à degradação provocada pelos elementos naturais e pela intervenção do  homem, sendo inserto o seu futuro, já   que    existe um projeto urbanístico para o geomonumento  que o contem e sua zona envolvente, tendo-se iniciado já as obras para a construção do parque de estacionamento subterrâneo  para automóveis  na Rua  Embaixador Teixeira de Sampaio e Av. Infante Santo (Proc. 40/EDI/2011 – Alvará n.º 17/CE/3014), investimento conjunto da Empark e do Hospital CUF Infante Santo, da José de Melo Saúde .

Tais obras configuram a fase inicial de um processo que  engloba também, por um lado, a construção de um elevador   de ligação à Calçada das Necessidades, a construção de um jardim sobre o geomonumento, e por outro, a construção de habitações  na   parte   da Calçada   das Necessidades, nos. 8-8A   e 10-10A.  Tais projetos estão em estudo na CML.

Quanto ao Chafariz da  Cova  da Moura, embora Monumento Nacional, nada é referido. Julgamos, contudo, que     na  elaboração dos referidos projetos, a Câmara Municipal de Lisboa deveria incluir a recuperação integral do Chafariz da Cova da Moura  e sua zona envolvente e a sua devolução ao usufruto dos lisboetas.

Entretanto verificou-de a intenção da Câmara Municipal de Lisboa de integrar o Chafariz da Cova da Moura na recuperação de toda a zona envolvente.




Pinto Soares










quarta-feira, 10 de maio de 2023

QUANDO O ELÉCTRICO ATRAVESSAVA A PAMPULHA



                                     QUANDO O ELÉCTRICO ATRAVESSAVA A PAMPULHA 


A COMPANHIA CARRIS DE  FERRO DE LISBOA 

A Companhia Carris de Ferro de Lisboa foi fundada a 18 de setembro de 1872, no Rio de Janeiro.  A intenção era implementar, em Lisboa, um sistema de transporte do tipo americano, com carruagens movidas por tração animal que se deslocavam sobre carris. A implementação foi autorizada a 14 de novembro do mesmo ano.



CARREIRA Nº 19 - SANTO AMARO (DEPOIS ALCÂNTARA TERRA) - ARCO DO CEGO

 


 

Inaugurada em 1901 e suprimida em 1991, esta carreira conheceu as seguintes alterações:

 

- SANTOS - SANTO AMARO (entre Novembro 1901 e Maio de 1904)

- SANTO AMARO - ARCO DO CEGO (desde então até Julho de 1966) - as fotos dizem respeito a este percurso

- ALCÂNTARA TERRA - ARCO DO CEGO (até à supressão em 7 de Abril de 1991)

 

Teve ainda um desdobramento, 19-A, entre o Arco do Cego e Rossio, depois Praça do Comércio, depois Praça da Figueira, depois Martim Moniz.

 

Existiu também uma carreira 19-B, de circulação, que operava em regime nocturno. Era sobretudo destinada aos frequentadores de vários teatros e por isso mesmo designada por "volta dos teatros". 

 

(Fontes: Luis Cruz-Filipe, e João de Azevedo, "Lisboa 125 Anos Sobre Carris")



Percurso:

 

Estação de Santo Amaro, Rua 1º de Maio, Largo do Calvário, Rua de Alcântara, Alcântara-Terra (Praça General Domingos de Oliveira), Rua Prior do Crato, Calçada da Pampulha, Rua Presidente Arriaga, Rua das Janelas Verdes, Largo de Santos-o-Velho, Calçada de Santos (posteriormente Ribeiro Santos), Largo de Santos, Largo Vitorino Damásio, Largo do Conde Barão, Rua da Boavista, Rua de São Paulo, Largo do Corpo Santo, Rua do Arsenal, Praça do Município, Praça do Comércio, Rua da Prata (sentido ascendente) / Rua dos Fanqueiros (sentido descendente), Praça da Figueira, Poço do Borratem*, R. Martim Moniz* (sentido ascendente) / Rua da Palma*, R. D. Duarte (sentido descendente), Largo Martim Moniz, Rua da Palma, Av. Almirante Reis, Rua dos Anjos (depois Av. Almirante Reis e Rua Febo Moniz), Largo de Santa Bárbara, Rua Passos Manuel, Jardim Constantino, Rua Pascoal de Melo Largo e Rua D. Estefânia, Arco do Cego.

 

Os locais:

Estação de Santo Amaro 

 

Estação de Santo Amaro

Rua 1º de Maio

Largo do Calvário
Rua de Alcântara

Rua de Alcântara 


Alcântara-Terra (Praça General Domingos de Oliveira)

Alcântara-terra (Praça General Domingos de Oliveira), visão oposta

Rua Prior do Crato (terminal de Alcântara-Terra apartir de 1966) 


Rua Prior do Crato (terminal de Alcântara-Terra a partir de 1966), noutra perspectiva
 

Rua Prior do Crato

Calçada da Pampulha

Calçada da Pampulha (viaduto)

Rua Presidente Arriaga

Rua das Janelas Verdes

Largo de Santos-o-Velho

Calçada de Santos (posteriormente  Ribeiro Santos)

Largo Vitorino Damásio
Largo do Conde Barão

Rua da Boa Vista 


Rua de São Paulo 


Largo do Corpo Santo
Praça do Município
Praça do Comércio
Praça do Comércio

 

Rua da Prata (sentido ascendente)


Rua dos Fanqueiros (sentido descendente)

Praça da Figueira

Poço do Borratém  (sentido ascendente)


Rua da Palma (sentido descendente)

Largo Martim Moniz

Rua da Palma (zona entretanto demolida para dar lugar ao atual Largo Martim Moniz)

Rua da Palma

Av. Almirante Reis

Rua dos Anjos

Rua Febo Moniz


Largo de Santa Bárbara

Rua Passos Manuel


Jardim Constantino 


Rua Pascoal de Melo

 
Largo D. Estefânia


Rua Dª. Etefânia


Arco do Cego/Av. Rovisco Pais/Av. Duque de Ávila

Arco do Cego 

 



João Pinto Soares