quarta-feira, 9 de maio de 2018

ÁRVORES, POETAS E POESIA NA PAMPULHA

ÁRVORES, POETAS E POESIA NA PAMPULHA

FERNANDA DE CASTRO

Fernanda de Castro (1900-1994), foi poetisa, dramaturga, romancista, tradutora, autora de livros infantis, desenvolveu, a par da sua notável obra literária, uma acção ímpar em prol das crianças desfavorecidas. Lembrar que no início do século XX, Portugal atravessava um período de grandes carências, resultantes da entrada na Grande Guerra e do surto de tuberculose (pneumónica ou gripe espanhola). 

A ela se deve  a criação da Associação Nacional dos Parques Infantis; o parque nº 1, criado em 1933 no Jardim de S. Pedro de Alcântara; em 1937 é criado o Parque nº 2, no Campo Grande e, a 20 de Outubro de 1938, o Parque nº 3, na Tapada das Necessidades, hoje escola Fernanda de Castro.

Considerava Fernanda de Castro que para uma educação equilibrada, as escolas deveriam localizar-se no meio de Jardins, contactando as crianças directamente com a Natureza.                               

                                                                       
 



OLAVO BILAC

Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 1865 e aí morreu em 1918. É um dos mais notáveis poetas brasileiros , tendo trocado correspondência com a Rainha D. Amélia. O Jardim/miradouro do Obelisco, no Largo frente ao palácio das Necessidades, recebeu o seu nome. 





LUÍS FILIPE MAÇARICO

Luís Filipe Maçarico nasceu em Évora, em 29-10-1952. Licenciado pela Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em Antropologia, em 26-09-1994, com "Barbeiros de Alcântara - A Identidade Masculina e Bairrista entre estratégias de Sobrevivência e Ameaças de Extinção". Mestrado em Antropologia (Patrimónios e Identidades) no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, com " Os processos de construção de um herói do imaginário popular - o caso de Santa Camarão". Em 2008 matriculou-se no Mestrado "Portugal Islâmico e o Mediterrâneo", leccionado pela Universidade do Algarve, no Campo Arqueológico de Mértola, que concluiu em 2012, com 17 valores. Figura incontornável da Pampulha, viveu durante muitos anos na Praça da Armada.







ISABEL OLIVENÇA  (MISA)


Isabel Olivença (Misa) cultivou, desde sempre, o gosto pela leitura e pela escrita e sente a poesia como "uma janela aberta ao maravilhoso mistério e magia das palavras".
Participa com frequência em workshops de escrita criativa, dedicados à poesia, ao conto e à escrita de viagens. Tem publicado pontualmente crónicas de viagens, participou numa colectânea de contos e em duas antologias de poesia e de prosa; em 2015, editou o seu livro de poesia Poemar.

Nasceu em Lisboa e reside, desde 1981, na Freguesia da Estrela, nutrindo um especial carinho pelos espaços verdes que tão bem conhece, em especial pelo Jardim da Estrela (local privilegiado das suas brincadeiras de criança), pelo Jardim 9 de Abril/Miradouro da Rocha  Conde de Óbidos e pelo  Jardim Olavo Bilac/Miradouro das Necessidades.


ÁRVORE

ÁR VO RE
VO AR
voar
quero voar
e voo
de uma árvore
e suplico
pelos salpicos do orvalho
deslizando das verdes folhas

quero voar
e voo
de uma árvore
para o mundo
liberto-me dos galhos
soltam-se os medos
voo
sobrevoo
o lado lunar das ruas
rumo à constelação de leão
equador
solstício de verão
terra incandescente
desassossego

VO AR
quero voar
e voo
de regresso à quietude da
ÁR VO RE

Ó árvore
abre o teu tronco
e deixa-me entrar
no país das maravilhas

Misa
2018




Decepadas

Decepadas,
as árvores,
no duro chão
no arenoso solo
decepadas rentes
pelo ventre.

Tombadas,
as árvores,
reinvento-as
azuis
verdes
ocres
fixo-as à retina
habitáculo da imaginação.

Vivem ainda,
as árvores,
nas raízes
na seiva
e sangram
sofrem do corte no ventre.

Irão emergir,
as árvores,
do duro chão
do arenoso solo?

Na natureza
tudo se transforma
e brota.

Misa
2018




CECÍLIA CUNHA


Cecília Cunha nasceu em Lisboa no ano de 1952 e reside na Freguesia da Estrela , tendo dedicado a sua vida às crianças com quem conviveu e acarinhou como educadora. A sua grande sensibilidade, para além do amor pelas crianças manifesta-se também na pintura, desenho e poesia que traduzem o seu modo de estar na vida.


Árvores sangrando

Árvores cortadas sangrando seiva,
mostrando à cidade a vergonha de aniquilar um dos seus bens mais preciosos.
As árvores morrem de pé.
A estas até isso lhe foi negado, sendo a sua dignidade mostrada aos cidadãos passivos, através do cenário dantesco de seiva tornada sangue e grito.

C/C

















            


domingo, 6 de maio de 2018

GEOMONUMENTOS DA INFANTE SANTO

GEOMONUMENTOS DA INFANTE SANTO


Geomunumento Poente

Geomunumento Nascente

Geomonumentos


Geomonumentos  são afloramentos geológicos; Monumentos Naturais que  perpetuam uma  memória e formam a página mais antiga da história da cidade de Lisboa. São   referências naturais  e geológicas hoje já raras que, poupadas á intensa edificação urbana, constituem um património de valor incalculável que urge preservar.
Na Avenida Infante Santo existem dois Geomomumentos constituídos por afloramentos de calcário  com sílex, provenientes do Período  Cretácico (Cenomaniano, com cerca de 97 milhões de anos): Um Nascente e outro Poente, ambos submetidos para classificação por proposta camarária n.º 770/2009.

O Geomonumento da Av. Infante Santo Poente, conjuntamente com a sua continuação Nascente, são um dos poucos afloramentos geológicos urbanos que constituem prova material direta da existência nesta região, há cerca de 97 milhões de anos, dum ambiente marinho tropical, pouco   profundo, que gradualmente  ocupou, no início  do  Cretácico Superior, o   que   eram áreas  lagunares    costeiras ricas   em vida marinha  que  deixaram a sua presença  na sequência de   rochas calcárias, em  alguns casos  com  intercalações nodulares  de   sílex que podem   ser   observados   neste  Geomonumento   lisboeta.   Com  a  emersão  das  rochas formadas, ocorreram  processos erosivos conduzindo à  formação   de grutas    que   serviram    de    abrigo   aos povos do Paleolítico, tendo os mesmos usado o  sílex presente  como matéria-prima  para  o fabrico de armas e utensílios.


 Medidas de proteção


  No  sentido   da    Salvaguarda    dos Geomonumentos   em Lisboa, o Museu    Nacional de História Natural, a Câmara Municipal de Lisboa, a Associação Lisboa Verde e outras entidades , têm, nos últimos anos desenvolvido esforços dos quais se salienta:

1 -  O Protocolo celebrado   entre o   Município   de Lisboa    e o Museu Nacional de História Natural em 3 de Fevereiro de 1998, que criou  o Projeto “Geomonumentos de Lisboa” e neste âmbito os 19 locais propostos como Geomonumentos;

2 -  O Decreto-Lei  n.º 142/2008, de 24 de Julho de 2008, que estabelece o  regime  jurídico  da  conservação  da natureza  e da biodiversidade, nomeadamente  o seu artigo 20.º que contempla os  monumentos  naturais:

Monumento natural

1 - Entende-se por monumento natural uma ocorrência natural contendo um ou mais  aspectos que,  pela sua  singularidade,  raridade ou representatividade  em  termos  ecológicos, estéticos, científicos e culturais, exigem a sua conservação e a manutenção da sua integridade.
2 - A  classificação de  um  monumento natural visa a proteção dos valores  naturais, nomeadamente ocorrências notáveis do património geológico, na integridade das suas características e nas zonas imediatamente
circundantes, e  a  adopção de  medidas compatíveis com os objectivos da sua classificação, designadamente:
a) A   limitação   ou   impedimento   das   formas  de exploração ou ocupação susceptíveis de alterar as suas características;
b) A criação  de  oportunidades  para a  investigação, educação e apreciação pública.
3 -  A proposta      camarária n.º 770/2009 que,   em    reunião   de   Câmara  de   2 de Setembro de 2009, aprovou    por   maioria    o Projeto   ”GEOMONUMENTOS   DE   LISBOA”  e  locais   propostos     como  Geomoumentos, aprovou    o     procedimento     para     a     sua classificação    como Imóveis     de Interesse Municipal e  aprovou o protocolo a  celebrar com celebrar   com  o Museu Nacional de História Natural, Museu Geológico e  Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa  para divulgação de  percursos turísticos  e  pedagógicos.




João Pinto Soares