sexta-feira, 30 de março de 2018

A TAPADA DAS NECESSIDADES

A TAPADA DAS NECESSIDADES


A Tapada das Necessidades é uma zona de  Reserva Florestal, murada, com área de 10 hectares, adjacente ao antigo Convento e Palácio das Necessidades onde, desde 1916, se encontra instalado o Ministério dos Negócios estrangeiros, fazendo parte integrante desde 1983 da sua zona Especial de Protecção como Imóvel de Interesse Público.
A história da Tapada das Necessidades prende-se com a existência da Ermida  dedicada a Nossa Senhora das Necessidades, datada de 1604. Em 1742, D. João V manda construir uma Ermida maior, um convento e um palácio para sua residência por aquisição de terras agrícolas circundantes. Em 1843, D. Fernando II mandou redesenhar o jardim transformando a zona de hortas em jardim inglês, tarefa executada por Bonard. Ainda no século XIX (1855-1861), fica a dever~se a D. Pedro V a construção da estufa circular,  em honra de sua esposa a Rainha D. Estefânia, e o Rei D. Carlos (finais do séc. XIX), manda construir um campo de ténis e o pavilhão conhecido por casa do regalo, que serviu de atelier de pintura da Rainha D. Amélia.
Estas são as construções, juntamente com a Casa do Fresco, o Moinho e o Jardim Zoológico, para além da bela estatuária, que sobressaem do conjunto edificado na Tapada. Do ponto de vista botânico  há a destacar o Jardim dos Cactos, considerado um dos melhores da Europa.
Também  a presença de diversas estruturas das quais a mais representativa é a Mãe de Água atestam o atravessamento da Tapada por ramificações  do Aqueduto das Águas Livres que em tempos forneceu água à Tapada, ao Palácio e ao Convento das Necessidades.
(Texto retirado do desdobrável publicado pelo Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades (GATN)














AS ÁRVORES DA TAPADA DAS NECESSIDADES

O TEIXO (Taxus baccata)







CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA
Reino: Plantae
Divisão: Pinophyta
Classe: Pinopsida
Ordem: Pinales
Família: Taxaceae
Género: Taxus
Espécie: Taxus baccata L.

ORIGEM E LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
O TEIXO, (Taxus baccata) é uma árvore Gimnospérmica (subdivisão dos Espermatófitos-plantas com semente) que pertence à família das taxáceas, tal como as restantes coníferas, só que não produz cones nem é resinoso.
As taxáceas representam um ramo evolutivo das coníferas que se diferenciaram muito cedo dos outros grupos. O apogeu da sua evolução situa-se na Era Terciária e do que existiu, pouco chegou até nós. Actualmente, o Género Taxus apenas tem oito espécies, que alguns especialistas consideram como sendo variações geográficasde uma raça comum sobrevivente da dita Era.
Nasce de forma espontânea nas terras altas de Portugal, podendo no entanto ser também cultivada. Encontram-se algumas centenas deexemplares sobretudo nas serras do Gerês e da Estrela.
Na ilha da Madeira e Canárias aparece como planta indígena e rara.
Além da ilha da Madeira, surge também na Europa continental, Ásia ocidental e Norte de África.
É originária da Europa, Norte de África e Sudoeste da Ásia.

CARACTERÍSTICAS
Árvore pequena de 10 a 15 metros que excepcionalmente pode atingir os 25 metros de altura, embora frequentemente tenha um porte arbustivo, muito ramificada desde a base; copa densa e, se isolada, com forma piramidal ampla com ramos horizontais e raminhos ascendentes; tronco canelar, recto, por vezes irregular; Casca castanho-avermelhada, lisa quando jovem, depois torna-se escamosa, sulcada e com o envelhecimento, esfolia-se em placas.
Espécie que cresce nas florestas mistas da Europa. Tolera a sombra assim como a plena luz. Exige atmosfera e solos húmidos com preferência para solos calcários. Suporta bem o frio mas é sensível à geada. Cresce até 1.500 m de altitude, ou mais. Árvore de crescimento lento que pode viver de 1.500 a 2.000 anos. Propaga-sepor semente, por rebentação da toiça e também por estaca.
Os ramos crescem por gomos, muito numerosos, ovóides, pequenos, escamosos e verde-amarelados.
É uma espécie resistente à poluição urbana.
FOLHAS
As folhas são persistentes, lineares, planas, de 1 a 3 centímetros de comprimento, são aciculares, pontiagudas mas não picantes, flexíveis, lineares, achatadas, de 2-4 cm de comprimento e 3 mm de largura, verde-escuras na página superior e com duas listas verde-amareladas, pouco visíveis na página inferior.
FLORES
Espécie dióica, isto é, com indivíduos masculinos e femininos distintos. Floresce entre Março e Abril. As flores masculinas, muito numerosas, emergem, inclinadas para baixo, individualmente nas axilas das folhas, de forma esférica, amareladas, solitárias, providas de 6-14 estames, e as flores femininas, pendentes e pouco visíveis, verdes, aos pares ou solitárias, na extremidade dos raminhos, contêm um óvulo rodeado de brácteas (pequenas folhas modificadas).
FRUTOS
Os pés femininos dão nos finais do Verão e durante o Outono do mesmo ano um falso-fruto, que não é mais que uma semente ovóide, tóxica, de 6 a 7 mm envolvida por uma cápsula (arilo) carnuda, vermelha quando madura, não tóxica.
UTILIZAÇÃO
As medidas tomadas em favor da protecção do teixo começam a darbons resultados, aparecendo como árvore ornamental em áreas florestais, por os exemplares femininos darem uma semente envolta numa cápsula de um vermelho vivo durante parte do Outono e Inverno, que contrasta com as folhas verde-escuras.
A sua madeira é resistente, flexível, bastante dura, avermelhada ou castanha, e de boa qualidade. É aproveitada no fabrico de peças de mobiliário, torneados, esculturas e arcos de flechas; é também apreciada por imitar o ébano quando tingida de preto; as suas raízes servem para fazer os arcos de violino.
Como suporta bem a poda é também usado em sebes e ornamentação.
OBSERVAÇÕES
Com excepção da cápsula vermelha que envolve as sementes, todas as partes verdes do teixo possuem um alcalóide tóxico, a taxina, que o torna perigoso, tanto para os animais como para os homens, característica que explica a sua destruição sistemática de há séculos para cá. Tal acção do homem colocou a espécie em vias de extinção, e por isso deve-se ter cuidados em não colher ou danificar especímenes no seu meio natural.
Se a taxina é tóxica para os homens e outros animais, esta substância tem sido utilizada na luta contra o cancro.
O que mais uma vez ilustra a necessidade absoluta de preservar a biodiversidade.
CURIOSIDADES
- Na Idade Média utilizava-se a madeira de teixo na construção de bestas e no fabrico de arcos de flechas. Pensa-se que era a matéria prima para os arcos de Robin dos Bosques, principalmente por ser a madeira utilizada nos arcos de guerra ingleses desse período.
- Caso raro numa conífera, as estacas do teixo são arbustivas, o que facilita a propagação desta espécie, designadamente por “mergulhia”.
- Devido à sua longevidade (que o associa à vida eterna) e à sua toxicidade, que proíbe o acesso dos cemitérios ao gado, o teixo orna muitos cemitérios, nomeadamente em vários países do norte da Europa.
- É considerada uma espécie vulnerável podendo vir a correr riscos de extinção em Portugal, pois está muito circunscrita em sítios montanhosos e elevados das serras do Gerês e Estrela.O seu declínio deve-se à destruição dos seus habitats naturais, como a desflorestação, e ao facto de a sua casca, folhas e sementes serem venenosas e por isso terem sido alvo de perseguições das populações.
- “ Andei há tempos várias léguas para ver um teixo, que é uma árvore que os botânicos dizem que vai acabar”.
Miguel Torga (in Diário IV, de Novembro de 1947)

- É de considerar também que o nome do rio Tejo tenha derivado desta planta. De facto a abundância do teixo nas serras onde nasce o rio Tejo, a importância cultural que esta árvore tinha para os povos locais e a procura deste recurso por parte de Roma resultasse no nome da planta ser atribuído ao próprio rio pelos romanos. Acresce a subsistência até aos nossos dias da proximidade fonética entre os nomes do rio e da planta nas várias línguas latinas da Península Ibérica.


PRESENÇA NA TAPADA DAS NECESSIDADES
Além do exemplar isolado, existente junto ao muro de suporte de terras, que tem o seu início perto da Estufa Circular, existe um outro, localizado perto da entrada sul, frente ao lago inferior e ao dragoeiro monumental (talvez o mais alto conhecido em Portugal).
EXEMPLARES CLASSIFICADOS NA CIDADE DE LISBOA
Existem dois exemplares classificados no Jardim Braamcamp Freire (Campo Santana) ou Campo dos Mártires da Pátria.
João Pinto Soares