segunda-feira, 29 de maio de 2017

LENDAS DA PAMPLHA

 LENDAS DA PAMPULHA

A LENDA DA MILAGROSA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES



A Pampulha é uma região muito antiga da cidade de Lisboa, habitada desde os anos de quinhentos. Por isso a sua história é muito rica e variada.

O topónimo Pampulha designa, atualmente, a calçada que começa no n.º 172 da Rua Presidente Arriaga (antiga Rua de São Francisco de Paula) e finda na Rua do Sacramento a Alcântara, artéria já existente no no séc. XVI como estrada alternativa ( a partir da igreja e do Paço Real de Santos) à que, com início nas Portas de Santa Catarina (Chiado) pela Calçada do Combro e pela Horta Navia levava a Belém.

Na centúria de seiscentos já existia como rua, embora despida de edifícios, que só a partir de então começaram a ladeá-la.

Num assento de óbito de 1714 (Livro V, p. 85, da freguesia de Santos) menciona-se a Rua Fresca da Pampulha, e, no “Itinerário Lisbonense” de 1804, aparece já a Calçada da Pampulha, onde em edifícios antigos, se veem embebidas nas fachadas curiosas pedras esculpidas com embarcações de vários tipos, provavelmente assinalando residências de marítimos.

Embora restringido pela administração municipal à referida artéria a partir de certa data, a verdade, porém, é que como no passado quinhentista o topónimo Pampulha sempre abrangeu o sítio que ela atravessa, ainda pouco povoado quando, em 1576, se deu a explosão de 146 barris de pólvora armazenados nas tercenas (Armazém, depósito ou celeiro à beira do rio ou perto de um cais. Antigo estaleiro de concerto de navios.) ao tempo existentes perto do rio, abaixo das atuais Ruas das Janelas Verdes e presidente Arriaga, a qual ali causou estragos e mortes, e chegou a arruinar o paço real de Santos donde D. Sebastião saíra dois dias antes de irem em romagem ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e ao encontro de seu tio, Filipe II de Espanha.

Era também à altura, o bairro da Pampulha considerado como poiso de bruxas e de mulheres de adivinhar.

As Lendas e a História

Como todos sabemos, a lenda aparece ligada à história, sendo transmitida oralmente de geração em geração. cada vez que se conta uma lenda corre-se o risco de alterar o seu conteúdo. “Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto”.

Ao contrário dos factos históricos, devidamente registados, as lendas correm o risco de se perderem. Cabe porém aos historiadores pugnar para que as lendas se mantenham vivas, pois, por muito fantasiosas que algumas sejam, todas elas têm um fundo de verdade.


A lenda da milagrosa imagem da Senhora das Necessidades de
Alcântara. (1)




A origem desta lenda data de 1580, altura em que Lisboa foi assolada por uma devastadora peste que durou mais de 20 anos. A peste teve como consequência que grande número de pessoas escapassem para o campo, em busca de melhores ares que lhes permitissem resistir a este mal.

Foi na Ericeira, vila próxima de Lisboa, que um casal de tecelões em fuga da peste se instalou, rezando amiúde numa ermida muito pobre onde se encontrava uma imagem de Nossa Senhora da Saúde. Como conseguiram escapar à peste, atribuíram esta graça às preces feitas a Nossa Senhora da Saúde. Quando regressaram a Lisboa fizeram questão em trazer consigo a imagem (escondida num saco, para melhor disfarçar o furto), demandando a Pampulha.

Procurando abrigá-la de forma digna, escolheram, movidos pela vontade divina, o local do Alto de Alcântara, onde morava uma senhora muito devota chamada Ana Gouveia de Vasconcelos, à qual solicitaram um pedaço de Chão para aí construir uma pequena ermida. A tal senhora, como era piedosa aceitou tudo o que lhe pediram, tanto mais tendo em conta a beleza e formosura da Santa Imagem.


Foi assim construída, em 1604 uma ermida no Alto de Alcântara, no local onde ainda hoje se encontra.

Feita a ermida que, no início, seria muito pequena e humilde, colocaram nela a Santa Imagem e foram tantas as graças recebidas e os milagres realizados, que começaram a ocorrer gentes pedindo pelas suas necessidades, razão pela qual a imagem passou a ser designada Nossa Senhora das Necessidades.

Foram muitos os milagres entretanto atribuídos à influência da imagem de Nossa Senhora das Necessidades.

O primeiro milagre que aconteceu, embora não tenha sido autenticado por incúria, data de 1610 e foi a cura de uma menina de sete anos de idade, filha de António Rodrigues que sofreu uma paralisia que a impedia de andar e de falar. Levada por seus pais a Nossa Senhora das Necessidades de Alcântara ela se curou, começando a andar e recuperando a fala. Deste milagre existia uma pintura que se encontrava na capela.

Um segundo milagre, ocorrido logo após este e também ele não autenticado, foi o caso de uma mulher que veio encomendar-se à Senhora e a pedir-lhe remédio para uma grande necessidade. Não quis a Ermitoa abrir a Ermida para que ela molhasse no azeite da lâmpada um lenço que com ela trazia. À vista disto se foi a mulher pôr de joelhos à grade da janelinha que então tinha e ainda agora tem, começou a chorar e a pedir à Senhora que lhe valesse. Tendo entretanto reparado que a lâmpada se havia apagado, voltou à ermitoa dizendo-lhe que a fosse acender, para que a Senhora não estivesse sem luz; o que ela logo fez, e entrando ambas viram acender-se a lâmpada por si mesma e que o azeite dela começava a ferver de tal forma que derramando-se do vidro e depois da taça da mesma lâmpada, que brevemente se encheu e se começou a derramar na Ermida em tanta quantidade, que correu em rego até à porta.
Muito se celebrou este milagre, de tal forma que durante muitos anos se fez todos os anos uma festa à Senhora em memoria dele na primeira oitava do Espírito Santo, que se intitulava a festa do milagre do azeite.

Não foi só o povo que recorreu à imagem de Nossa Senhora para encontrar remédio para as sua necessidades, também a família real se tornou devota daquela imagem.
A ligação da família real a Nossa Senhora das Necessidades começa quando D. Pedro de Castilho, conselheiro de D. João IV, comprou as casas anexas à Ermida para aí construir a sua residência. Nessa época vivia D. João IV no Paço de Alcântara, sendo habituais as suas visitas a este local, o que o levou a tornar-se seu protetor. D. Afonso VI e D. Pedro II herdaram do pai esta devoção.

Quando em 1705 D. Pedro II está gravemente doente reclama a presença da imagem, e a sua devoção é recompensada através das rápidas melhoras que o levaram a escapar da morte eminente. A devoção à virgem de D. Pedro II transmite-se ao seu filho, D. João V, sendo habituais as suas idas à ermida. Tal devoção levou a que ao ser acometido por um paralisia, em 10 de Maio de 1742, pedisse que lhe fosse trazida a imagem de Nossa Senhora das Necessidades para o quarto onde irá ficar durante os oito anos que durou esta doença, sendo-lhe atribuída a resistência oferecida à mesma.

Como agradecimento pelas graças concedidas, D. João V imaginou um projeto capaz de engrandecer Nossa Senhora das Necessidades. Querendo patentear à santa imagem toda a sua gratidão, D. João V converteu em magnífica igreja a antiga e despretensiosa ermida, e junto a este pomposo templo mandou construir um palácio para residir. Não contente com isso fundou aí um convento que entregou aos padres da Congregação do Oratório. Surgiu assim a Obra das Necessidades.

(1) – A imagem de Nossa Senhora das Necessidades, aqui representada, e que se encontra no interior da Capela das Necessidades, é a imagem original cujo cabelo é natural . É uma imagem de roca ou imagem de vestir, ou seja tem a possibilidade de ser vestida. São imagens montadas sobre estrutura de madeira oca, muito leves, para poderem facilmente serem transportadas nos andores. Estas imagens podem ainda ser vestidas de maneiras diferentes.

Na Paróquia de São Pedro da Ericeira, encontra-se na atual capela de Santa Marta, uma imagem de Nossa Senhora das Necessidades.

Pinto Soares




domingo, 28 de maio de 2017

JACARANDÁS NA PAMPULHA

JACARANDÁS NA PAMPULHA








O nome Jacarandá revela a origem exótica desta árvore da América do Sul. É uma árvore de pequeno porte, alcançando   cerca     de 15 metros de altura. O caule    é    um   pouco   retorcido   e a copa    é arredondada    e   irregular, arejada e rala, perdendo folhagem     no Inverno. Os seus frutos    são    verdadeiras cápsulas   de    madeira com    formato semelhante a conchas   ou castanholas   que quando maduras libertam centenas de sementes aéreas. Floresce em Maio e Junho, embora possa fazê-lo de  forma extemporânea fora destes limites, apresentando flores perfumadas e grandes, de coloração azul ou arroxeada, em forma de trompete. É muito utilizada na ornamentação de ruas, praças e parques, uma vez que as suas raízes aprumadas e profundas não danificam a calçada, Foi uma das espécies introduzidas por Félix Avelar Brotero, enquanto director do   Jardim    Botânico    da    Ajuda (1811 - 1828). Depois    de aclimatizado, o jacarandá ( nome científico Jacaranda mimosifolia) dada a semelhança das suas folhas com as da mimosa, foi plantado por    toda   a cidade. Pode    apreciar-se    no    Campo    Pequeno,
no Parque Eduardo VII., no Largo do Carmo ou na Av. D. Carlos I. No final da Primavera origina uma explosão violeta    que   parece alastrar-se por toda a cidade, adicionando "sabor Tropical " a uma Lisboa entre o o Mediterrâneo e o Atlântico. 

Pinto Soares





sexta-feira, 26 de maio de 2017

DISPENSÁRIO DE ALCÂNTARA FINALMENTE CLASSIFICADO

DISPENSÁRIO DE ALCÂNTARA FINALMENTE CLASSIFICADO

F-I-N-A-L-M-E-N-T-E (desde 2007...)


Vai ser classificado Monumento de Interesse Municipal na próxima reunião de CML:« Proposta n.º 323/2017 (Subscrita pelos Srs. Vereadores Catarina Vaz Pinto e Manuel Salgado)
Aprovar a classificação do edifício do Dispensário de Alcântara, como Monumento de Interesse Municipal (MIM), nos termos da proposta;»


Notícia publicada no Blogue do Forum Cidadania Lisboa LX



O Dispensário de Alcântara foi classificado Imóvel de Interesse Municipal através da proposta 323/2017, aprovada por unanimidade em reunião da Câmara Municipal de Lisboa de 22 de Junho de 2017 e publicada no Boletim Municipal nº 1219, suplemento nº 4.

Vamos agora continuar a nossa luta para que este monumento histórico seja recuperado e entregue à população da Pampulha.

Pinto Soares