O CHAFARIZ DA COVA DA MOURA NA AVENIDA INFANTE SANTO
O Chafariz da Cova
da Moura na actualidade
Venho aqui apresentar a comunicação
que proferi na reunião pública da Câmara Municipal de Lisboa de 27 de Janeiro de
2016 e que mereceu por parte do Sr. Vereador Manuel Salgado a promessa de que a
recuperação do Chafariz da Cova da Moura e a sua possível integração no jardim
previsto para o Geomonumento que o contém, iriam ser estudadas e tidas em
consideração. Estas são , para já, boas notícias.
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de
Lisboa
Exmos. Srs. Vereadores
Minhas Senhoras e meus Senhores
Sou João Pinto Soares e aqui represento a Associação
Lisboa Verde.
Pretendo chamar a
atenção de V.Exas. para o estado actual do Chafariz da
Cova da Moura na Avenida Infante Santo e para a necessidade urgente da sua recuperação, bem como da salvaguarda do geomonumento
que o contem, para usufruto dos Lisboetas.
O Chafariz da Cova da Moura, mandado fazer por aviso de 9 de Fevereiro de 1786, adossado ao
Aqueduto das Águas Livres, que o alimentava,
abastecia o quartel da Cova
da Moura, existente na antiga Rua da Torre da Pólvora, tendo ambos (quartel e
rua) sido demolidos em 1939 para dar lugar à abertura da Av. Infante
Santo.
Encontra-se situado no afloramento calcário com sílex (Cenomaniano, com cerca de 97 milhões de anos) aceite como Geomonumento pela Câmara Municipal de Lisboa, em protocolo
estabelecido com o Museu Nacional de História Natural, em 22 de Junho
de 1998, como
ocorrência geológica a preservar.
Este afloramento é delimitado pela Calçada das Necessidades e Av. Infante Santo,
Freguesia da Estrela.
O Aqueduto das Águas Livres está classificado Monumento Nacional por
Decreto de 16 de Junho de 1910,
publicado a 23 de Junho de 1910.
O Chafariz da Cova da Moura, sendo abastecido pelo
Aqueduto das Águas Livres através duma galeria que o liga ao sistema principal, faz assim parte
integrante do Aqueduto
das Águas Livres pelo que se encontra classificado pelo Decreto
n.º 5/2002, DR. 42, 1ª série – B de 19-02-2002, como Monumento Nacional (MN).
Decreto que alargou a classificação do Aqueduto das Águas Livres aos seus
aferentes e correlacionados.
Embora classificado Monumento Nacional, o Chafariz
da Cova da Moura encontra-se há
muito abandonado e entregue à degradação
provocada pelos
elementos naturais e pela incúria do homem, sendo inserto o seu futuro, já que existe um projecto urbanístico para o geomonumento que o
contem e sua
zona envolvente, tendo-se iniciado já as
obras para
a construção do parque de estacionamento subterrâneo para
automóveis na Rua Embaixador Teixeira de
Sampaio e Av.
Infante Santo (Proc. 40/EDI/2011 – Alvará n.º 17/CE/3014),
investimento conjunto
da Empark
e do Hospital CUF Infante Santo,
da José de Melo Saúde .
Tais obras
configuram a fase inicial de um processo que engloba também, por um lado, a
construção de
um elevador de ligação à Calçada das Necessidades,
a construção de um
jardim sobre o geomonumento, e por
outro, a construção de habitações na parte da Calçada
das Necessidades, nos. 8-8A e
10-10A, projectos em
estudo na CML.
Porque quanto ao Chafariz da Cova da Moura, embora
Monumento Nacional, nada é
referido, a Associação Lisboa
Verde vê com
grande preocupação a resposta da Câmara Municipal de Lisboa ao
requerimento do Gabinete dos Vereadores do PCP, de 11 de Março de 2015, referente à possível recuperação do Chafariz
da Cova da Moura.
De facto, tal resposta,
parece estar de acordo com os pareceres de diversas
entidades que, tendo como
obrigação a
defesa do património nacional, em
vez de propor a recuperação do Chafariz da Cova
da Moura, preconizam a
sua demolição, tendo como fundamento o estado de
ruína.
Lembramos que
no ano
de 1878 também
parte do Mosteiro
dos Jerónimos esteve em ruínas e nem por isso foi demolido, antes recuperado. Assim, o
chafariz da cova
da Moura , embora tenha
sofrido os
efeitos desgastantes da passagem dos
anos, sem qualquer intervenção, está em condições de poder ser recuperado,
assim haja vontade para o fazer.
Não queremos acreditar que o desenvolvimento da
urbanização agora em curso seja a causa da impossibilidade de recuperação
do Chafariz da Cova da Moura.
Termino apelando a Vexas. Para que não permitam a demolição do
Chafariz da
Cova da
Moura, antes procedam
à sua rápida
recuperação, impedindo a
repetição dos atropelos verificados no local
no tempo
do Estado Novo , quando em Setembro de 1949 se procedeu à dinamitação
dos arcos
do Aqueduto para a
passagem da Av. Infante Santo.
Não queremos que o tempo volte para
trás.
Juntamos fotografias
do estado actual do Chafariz
da Cova da Moura e do que
ele era em 1950, quando da
abertura da Av. Infante Santo.
Obrigado pela vossa atenção.
João Pinto
Soares
Lisboa, 27 de Janeiro de
2016