No sítio onde actualmente existe a avenida 24 de Julho (1) foram, até finais do século XIX, as chamadas "Tercenas de José António Pereira" ou "Tercenas do Marquês", assim chamadas por se tratar dum local onde se cuidavam das embarcações e havia armazéns para guardar aprestos. Após a construção do aterro, esta área passou a compreender a Travessa José António Pereira e o Beco da Galheta, constituindo provavelmente este último topónimo uma corruptela de calheta que constitui um sítio propício para encalhar barcos. Este local era portanto, outrora banhado pelas águas do rio Tejo.
A Travessa de José António Pereira |
A Travessa de José António Pereira recorda-nos um abastado comerciante que foi um grande armador e proprietário de roças em S. Tomé, importador de café e outros géneros, tendo vivido no Palacete Pombal, na rua das Janelas Verdes.
José António Pereira veio a falecer em 1817 e, por volta de 1850, o palácio foi vendido ao comerciante Joaquim José Fernandes. Este tinha uma filha de nome D. Maria do Carmo Fernandes que era dama honorária da Rainha D. Amélia e casou em 1873 com António de Carvalho Melo e Duan de Albuquerque e Lorena, que veio a ser o 6º Marquês de Pombal, derivando daí a identificação do palácio e do próprio local como "Tercenas do Marquês".
Os terrassos do palácio foram construídos sobre o aterro e ligados entre si por passagens apoiadas em arcaria sobre as ruelas ali existentes. Num desses arcos existe uma lápide com a inscrição "Joze Antonio Pereira. Abril de 1805". Na fachada de um armazém existente na Avenida 24 de Julho, outra lápide menciona "Caes de Joze Antonio Pereira de 1801".
Futuro Incerto
Em Novembro de 2007, teve início o Projeto África.cont, com o fim de criar um “Centro multidisciplinar e interdisciplinar para o conhecimento de África e das suas diásporas nos seus desenvolvimentos contemporâneos”, a sua sede seria instalada no Palácio Pombal e num conjunto de edifícios a erguer ou recuperar nos terrenos municipais contíguos entre a Rua das Janelas Verdes e a Av. 24 de Julho e incluiria o aproveitamento dos edifícios degradados das “Tercenas do Marquês”, que serviam de armazéns ao Palácio Pombal.
Continua a aguardar-se que este ou outro projecto possa dar a este conjunto arquitectónico histórico um destino condigno e equilibrado no espaço monumental das Janelas Verdes.
Cronologia
1801 / 1805 - edificação do palacete pelo negociante e armador José António Pereira a partir de um núcleo arquitectónico previamente existente, constituindo uma vasta propriedade que ia até ao cais do Tejo, compondo a casa e tercenas e um grande armazém abobadado, datas gravadas num portão do antigo armazém e num dos arcos que forma passadiço entre o palácio e os armazéns, respectivamente; meados do séc. XIX - a construção do aterro transforma a zona da doca; colocação de azulejos, possivelmente fabricados na Fábrica do Rato; 1850 - aquisição do palacete por Joaquim José Fernandes para sua esposa D. Maria do Carmo Fonseca, vindo o mesmo a ser habitado pela filha de ambos, Maria do Carmo e pelo marido desta, o conde de Santiago, e 6º marquês de Pombal, D. António de Carvalho e Melo Daun de Albuquerque e Lorena (1850 - 1911); 1937 - o então proprietário do palacete, o 7º marquês de Pombal, D. Manuel José de Carvalho e Melo Daun de Albuquerque e Lorena, arrenda-o à Mocidade Portuguesa que aí procede à instalação da sua secretaria; meados do sec. XX os azulejos do jardim são vendidos pelo 8º Marquês, Sebastião José de Carvalho Daun de Lorena à Fundação Ricardo Espírito Santo; - 1968, 10 de Dezembro - aquisição do imóvel pela Câmara Municipal de Lisboa, o qual albergava então o colégio Infante Santo; 1970 - instalação no edifício do Centro Português de Actividade Subaquáticas, prevendo-se a criação do Museu Municipal da Vida Submersa; 1982 - a Câmara Municipal de Lisboa cedeu o edifício para ampliar as instalações do Instituto José de Figueiredo.
2020-Requerimento inicial do Procedimento de Classificação de Bens Imóveis
Elementos recolhidos do "BLOGUE DE LISBOA" de
13 de Maio de 2014 e
13 de Setembro de 2014
e ainda de
SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico
(1) Porquê o topónimo Avenida 24 de Julho ?
Foi a 24 de Julho de 1833 que as tropas liberais, fieis a D. Pedro IV e comandadas pelo Duque da Terceira, desembarcaram em Lisboa, provocando a saída dos miguelistas.
A perda da capital desmoralizou os absolutistas que, mais tarde, a 26 de Maio de 1834, acabaram por assinar a Convenção de Évora-Monte, colocando, assim, um ponto final à guerra civil.
João Pinto Soares
Elementos recolhidos do "BLOGUE DE LISBOA" de
13 de Maio de 2014 e
13 de Setembro de 2014
e ainda de
SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico
(1) Porquê o topónimo Avenida 24 de Julho ?
Foi a 24 de Julho de 1833 que as tropas liberais, fieis a D. Pedro IV e comandadas pelo Duque da Terceira, desembarcaram em Lisboa, provocando a saída dos miguelistas.
A perda da capital desmoralizou os absolutistas que, mais tarde, a 26 de Maio de 1834, acabaram por assinar a Convenção de Évora-Monte, colocando, assim, um ponto final à guerra civil.
João Pinto Soares