domingo, 8 de janeiro de 2017

FERNANDA DE CASTRO E A EDUCAÇÂO NO SÍTIO DAS NECESSIDADES


FERNANDA DE CASTRO E A EDUCAÇÃO NO SÍTIO DAS NECESSIDADES


O Conjunto Monumental das Necessidades

O CONJUNTO MONUMENTAL DAS NECESSIDADES

O conjunto monumental das Necessidades - Capela, Convento, Palácio, Tapada, Obelisco e Jardim - é , sem dúvida, uma das jóias raras do património histórico da Freguesia da Estrela e de Lisboa. Está classificado como IIP (Imóvel de Interesse Público). 

O Convento das Necessidades



Desde a fundação do Convento, doado por D. João V à Congregação do Oratório, em 1744, até à extinção das ordens religiosas, em 1834, mediaram nove décadas intensamente dedicadas pelos Frades Oratorianos ao estudo e ensino das mais diversas disciplinas relativas às Humanidades e às Ciências. 

Sabendo que não era costume dos senhores mandar os filhos para a escola e que a criação do Colégio Real dos Nobres se verificou apenas em 1761 (1), é significativa a presença dos filhos de alguns dos principais nobres  do reino neste estabelecimento de ensino, sendo de destacar  a do filho do Marquês de Pombal.

A Biblioteca das Necessidades, berço  das primeiras Cortes Constituintes e da Academia Real das ciências

A Biblioteca das Necessidades

Em 1756, encontrava-se já aberta ao pública a famosa Biblioteca do Convento que possuía então vinte e cinco mil volumes e, em 1823, mais de trinta mil. O renome desta biblioteca não era devido apenas à quantidade e qualidade dos livros que a compunham, mas também ao facto de estar aberta a todos os que a quisessem consultar.

A partir de 1834, com D. Maria II, a "Educadora", que escolhe como residência o Palácio das Necessidades, aqui estudaram, orientados pelos melhores professores do reino, "reais alunos"  (destacando-se D. Pedro V, D. Luís, e seus Irmãos que aqui instalaram o Museu-Laboratório de História Natural, mais tarde ampliado por D. Carlos). Na Tapada, os príncipes tinham aulas de equitação, de pintura, de história natural e de botânica; caçavam insectos para o museu e tinham a seu cargo um talhão de terra onde cultivavam diversas espécies vegetais.

Em 1839, Alexandre Herculano aceitou o convite de D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II, para dirigir, como bibliotecário -mor, a Real Biblioteca das Necessidades, aqui encontrando tranquilidade e um abundante acervo documental que lhe permitiu prosseguir os seus trabalhos de investigação histórica , que viriam a concretizar-se na publicação dos quatro volumes  da História de Portugal  de 1846, 1847, 1850 e 1853.

Até 1910, a Real Biblioteca das Necessidades continuou a ser um dos mais notáveis centros de estudo e investigação do reino. Com a implantação da república, o seu espólio foi disperso, sendo que uma parte se encontra na biblioteca do  Palácio Nacional da Ajuda, onde pode ser consultado. 

As Cortes Constituintes

Em 1821, a Biblioteca das Necessidades foi o local escolhido para funcionamento das primeiras Cortes Constituintes que se organizaram no País. Conhecidas como Cortes Constituintes  de 1820 ou Cortes Constituintes Vintistas, foram o primeiro parlamento português no sentido moderno do conceito.

Os trabalhos parlamentares deste órgão, criado na sequência da Revolução Liberal do Porto para elaborar e aprovar uma Constituição para Portugal, decorreram entre 24 de Janeiro de 1821 e 4 de Novembro de 1822 e culminaram com a aprovação da Constituição Portuguesa de 1822. 

A Academia das Ciências 

Em pleno Iluminismo, no reinado de D. Maria I e D. Pedro III, aqui foi fundada a Academia Real das Sciencias (actual  Academia das Ciências de Lisboa (2)), cujos Estatutos foram publicados a 24 de Dezembro de 1779.

Entre 1780 e 1791, beneficiando da protecção régia e usufruindo de vários privilégios (tais como a concessão de livre acesso dos académicos aos arquivos do reino, de as obras académicas não estarem sujeitas a censura e de os livros impressos pela academia poderem circular livremente dentro do território nacional) esta insigne instituição devotada à investigação científica conheceu aqui um dos mais fecundos períodos da sua história.

Tendo como primeiro presidente e grande mentor o 2º Duque de Lafões e como secretários Domingos Vandelli e o Abade Correia da Serra, entre outros, a Academia promoveu o aperfeiçoamento do ensino das Ciências, a expansão da educação e a divulgação de conhecimentos científicos e técnicos, tendo como principal meta contribuir para o desenvolvimento cultural e económico do país.


A  Escola Real das Necessidades


A REAL ESCOLA DAS NECESSIDADES
OUTRA IMAGEM DA REAL ESCOLA DAS NECESSIDADES

Ainda durante a Monarquia, o Sítio das Necessidades viria a albergar uma escola pioneira, a primeira escola de ensino primário, pública de Lisboa, dirigida já não a uma elite, mas de portas abertas a todos, rapazes e raparigas. Em 16 de Outubro de 1856, num edifício situado na Rampa das Necessidades, que ainda hoje existe, D. Pedro V funda a Escola Real das Necessidades que, em 1857. Ao longo dos tempos da monarquia foi mudando várias vezes de denominação, mas sempre sob protecção da casa real, que continua a fornecer todos os livros e material de ensino necessários e a atribuir prémios aos alunos mais distintos.

Nesta escola, frequentada entre 1856  e 1901 por 2.349 alunos, leccionaram prestigiados professores: o Dr. Eduardo Napoleão Silva, médico (1856-1858), Henrique Augusto Wirth (1858-1868) e, posteriormente, durante mais de quarenta anos, António Sérvulo da Matta, notável pedagogo e um dos fundadores da Associação dos Professores Oficiais.


Fernanda de Castro


Poetisa, dramaturga, romancista, tradutora, autora de livros infantis, Fernanda de Castro (1900-1994) desenvolveu, a par da sua notável obra literária, uma acção ímpar em prol das crianças desfavorecidas.

Com a fundação, em 1933, da Associação Nacional dos Parques Infantis,  e graças à sua coragem, Fernanda de Castro conseguiu proporcionar, ao longo de quatro décadas, alimentação, cuidados médicos, educação e afecto a milhares de crianças.

Em 1933, é criado o Parque nº 1, no Jardim de S. Pedro de Alcântara; em 1937, o Parque nº 2, no Campo Grande e, a 20 de Outubro de 1938, o Parque nº 3 , na Tapada das Necessidades. Aqui, se desenvolveu, entre 1956 e 1962, um projecto inovador de educação pela arte: "O Pássaro Azul - Círculo de Cultura Infantil", que envolveu crianças de ambos os sexos, dos cinco aos dez anos, com o objectivo de receberem "uma educação artística tão completa quanto possível".

Em 1943, nas antigas "Cavalariças do Infante", uma construção localizada na Rua Capitão Afonso Pala (3), Fernanda de Castro criou ainda a "Colmeia", uma escola de artes e ofícios, na qual se completava a educação das crianças que tinham frequentado os Parques Infantis, sobretudo o Parque Infantil das Necessidades. Aqui, após a conclusão da instrução primária, raparigas e rapazes aprendiam " o ofício que mais lhe interessava, preparando-se para ganhar o próprio sustento".

Após alguns anos de intensa actividade (1943-1950) a "Colmeia" foi sofrendo alterações, tendo sido encerrada no final do ano lectivo de 2004/2005, voltando a reabrir em 2006/2007 para acolher duas turmas da EB1 Fernanda de Castro que assim passou a funcionar em dois pólos complementares.

No início do ano lectivo 2012/2013, a Câmara Municpal de Lisboa e o Agrupamento de Escolas Manuel da Maia, criaram na Escola Fernanda de Castro um Jardim de Infância Público para crianças dos 3 aos 5 anos (Ensino Pré- Escolar).

  
A Escola Fernanda de Castro na Tapada das Necessidades




1 - O Colégio dos Nobres foi um estabelecimento de educação fundado em Lisboa por iniciativa do primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo e era reservado aos moços fidalgos entre os 7 e os 13 anos de idade, sendo o seu corpo docente  constituído, na quase totalidade, por mestres estrangeiros.

A carta de lei de D. José I que lhe aprovou os estatutos tem a data de 7 de Março de 1761 e destina-lhe como instalações o extinto colégio e noviciado Jesuíta da Cotovia, vago devido à expulsão daquela ordem religiosa, em 1759. Para além do edifício e da cerca (a antiga quinta do Monte Olivete) a nova instituição recebeu os móveis e a rica livraria do noviciado. Foi extinta por decreto de 4 de Janeiro de1837, sendo as suas instalações e equipamentos atribuídas à então criada Escola Politécnica de Lisboa.

Este complexo, na Rua da Escola Politécnica, pertence nos nossos dias à Universidade de Lisboa e nele está instalado o Museu nacional de História Natural e da Ciência, no qual está integrado o Jardim Botânico.

2 - A Academia das Ciências encontra-se hoje, desde 26 e 27 de Outubro de 1834, instalada no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, na Rua da Academia das Ciências, nº 19. No Segundo Andar, a partir de 1858 funciona o Museu Geológico.

3 - José Afonso Pala (1862-1915), oficial republicano e das guerras africanas no período da I Guerra Mundial, que desde 1923 dá o nome à antiga Rua das Cavalariças do Infante, morto em África em 1915 em defesa da Pátria. Foi um dos jovens oficiais do Regimento de Artilharia 1 que esteve na Rotunda em 4 de Outubro de 1910. Já como Major ofereceu-se para combater na guerra em Àfrica, no sul de Angola, em resultado de uma bala alemã que o atingiu veio a falecer aos 53 anos.



NOTA: Textos recolhidos do Centro de Documentação da Junta de Freguesia dos Prazeres 

Pinto Soares

sábado, 7 de janeiro de 2017

O PARQUE DE ESTACIONAMENTO PARA AUTOMÓVEIS E O GEOMONUMENTO POENTE NA INFANTE SANTO

O PARQUE DE ESTACIONAMENTO PARA AUTOMÓVEIS E O GEOMONUMENTO NA AVENIDA INFANTE SANTO


No dia 15 de Dezembro de 2016, foi inaugurado no Local da Pampulha, o Parque de Estacionamento Subterrâneo com lugar para 213 automóveis, sito na Avenida Infante Santo, substituindo o de superfície que ali existia e criando no seu lugar um jardim para usufruto da população.

Relembrando os antigos olivais existentes na zona, foi aqui recriado um pequeno olival dando jus à existência da Rua do Olival que ainda marca a toponímia da Pampulha.  

Tal parque de estacionamento, situado nos limites do Geomonumento Poente da Infante Santo,  teve também preocupações culturais, traçando a história daquele Monumento Natural classificado de interesse fundamental para a cidade de Lisboa. 



O PEQUENO OLIVAL DA AVENIDA INFANTE SANTO


A HISTÓRIA DO GEOMONUMENTO POENTE DA INFANTE SANTO, CONTADA AO LONGO DAS PAREDES INTERIORES DO PARQUE DE ESTACIONAMENTO, ATRAVÉS DE PAINÉIS DE VIDRO E PLACAS ELUCIDATIVAS SOBRE A FORMAÇÃO DAQUELE AFLORAMENTO CALCÁRIO.


Painéis de vidro no interior do Parque de Estacionamento deixam ver as paredes do Afloramento Calcário, abaixo do solo.






Pinto Soares

NATAL NA PAMPULHA

NATAL NA PAMPULHA



QUE 2017 TRAGA A TODOS VÓS AS MAIORES FELICIDADES