domingo, 8 de dezembro de 2019

ALCANTARA E PAMPULHA




OS SÍTIOS DE ALCÂNTARA E DA PAMPULHA








A PAMPULHA




ulha é um local muito antigo com registos históricos com mais de 500 anos.Começou por ser uma zona de baldios e olivais atravessados por uma via que, partindo das portas de Santa Catarina se estendia até Belém, possibilitando o comércio e com ele o desenvolvimento da área, levando a que essa zona fosse progressivamente habitada, começando inclusivamente a instalar-se parte da nobreza com a construção dos respetivos palácios.

Existe uma relação comercial e social intrínseca entre a Pampulha e Alcântara que advém das características decorrentes da existência da Ribeira de Alcântara cujo estuário possibilitava que os navios vindos, muitos deles, de Itália descarregassem o trigo que era moído no Moinho de Marés e, posteriormente, transportado e distribuído através da Ponte de Alcântara para abastecer a Cidade de Lisboa. Alcântara, bairro típico de Lisboa, deve o seu nome à existência desta ponte - alcântara significa “a ponte”    (al-qantara em árabe). Também o nome “Pampulha” está relacionado com a referida Ponte, uma vez que, “Pampulha” deriva de Pão da Apúlia (região de Itália de onde vinha o trigo).

Património Histórico e Cultural


O Património Histórico e Cultural é um valor que deve ser partilhado e usufruído por todos. Infelizmente, na Pampulha tal não se verifica, estando os principais monumentos entregues a repartições do estado sem acesso por parte da população, como é o caso do Convento e Palácio das Necessidades (único Palácio Real que não está aberto ao público) e do Convento do Sacramento.
Se por um lado tal situação permite a conservação de tais monumentos, por outro, não cumpre a sua missão primordial como elemento de cultura.

Em contrapartida, deparamo-nos com edifícios históricos abandonados que poderiam e deveriam ser recuperados pelo Estado no sentido de minimizar diversos problemas sociais numa zona onde há tanta falta de infraestruturas para uma população empobrecida e envelhecida, como é o caso do Palácio Pombal e as respetivas Tercenas e Dispensário de Alcântara, cuja construção se deve a D. Amélia, última Rainha de Portugal.

Sabemos que obras novas vão surgindo nas cidades ao longo do tempo e Lisboa não é diferente. Mas consideramos importante a possibilidade de realizar adaptações nos planos de urbanização propostos que podem fazer toda a diferença na história do local em apreço. Como é o caso do Empreendimento Alcântara Rio que integrou no seu plano as instalações da Antiga Fábrica da União, conciliando de forma harmoniosa uma arquitetura moderna respeitando as memórias do local.

Mas infelizmente nem sempre esta situação de equilíbrio acontece. Exemplo disso foi o que, recentemente, aconteceu com a Fábrica Faianças Constância às Janelas Verdes que foi totalmente demolida perdendo-se uma página da história fabril de Lisboa e, portanto, de Portugal. Com a destruição de fachada de azulejos e forno representativo de arqueologia industrial.

Património Natural



Também no aspeto natural a Pampulha e Alcântara (zona do Vale de Alcântara) se encontram interligadas. A natureza não conhece fronteiras administrativas, mas tão só barreiras naturais. Assim, demonstrando essa continuidade gostaria de começar por referir a Tapada das Necessidades localizada no alto de Alcântara, na Freguesia da Estrela, com cerca de 10 hectares totalmente murados e densamente arborizados. É um dos mais notáveis jardins históricos de Lisboa com um património paisagístico, artístico, histórico e botânico de grande valor. Em posição dominante sobre o Rio Tejo a sua mancha verde destaca-se na paisagem da cidade de Lisboa, constituindo um importante elemento da sua estrutura biofísica, que se prolonga pelo arvoredo do vizinho Cemitério dos Prazeres e Jardim da Praça S. João Bosco, das encostas do Casal Ventoso e do Alvito, da Tapada da Ajuda e do Parque Florestal do Monsanto, formando um corredor verde ao longo de todo o Vale de Alcântara, constituindo uma mais valia para a qualidade de vida na cidade de Lisboa.

Conclusão




Sabemos que qualquer cidade está em constante transformação, no entanto, cabe a cada um de nós participar ativamente nesse processo. É dever de todo o cidadão defender o património do sítio onde vive, interessando-se pela evolução que se vai fazendo na cidade, não permitindo que as memórias se percam. A consciência desse dever como cidadão levou-me a procurar a colaboração de quem como eu partilhava as mesmas preocupações, e assim, nasceu o Blogue “Gabinete Histórico e Cultural da Pampulha”, que gostaria de aqui vos apresentar e solicitar a vossa colaboração, através de trabalhos que contribuam para manter viva e atualizada a maravilhada história da Pampulha e de Alcântara para que esta não se perca e possa ser transmitida às gerações vindouras.



                  João Pinto Soares